quarta-feira, outubro 29, 2003

SUFICIENTEMENTE NÃO AMEI

Suficientemente não amei
os frutos os orvalhos o sol
as sombras e os delírios astrais
a ilusão da beleza líquida
a maresia e o matinal perfume
da liquidez das coisas orvalhadas,

nem as melodias que percepciono
as cores odoríferas que envolvem os sons
as rubras corolas e as pétalas lanceoladas
os rumores quietos subjacentes à brisa
que fazem doces as marés das searas,

nem as altas torres do meu pensamento
suficientemente eu amei!

Que me resta senão amar ainda
o que se escapa da agonia das coisas?

Por Todo o Tempo, J. N. Pereira Pinto
(1986)